sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Balão de oxigênio

Matheus Viana

O medo aumenta na medida em que o fôlego diminui. Confissão que permeia meu coração. Preocupação que atormenta minha mente. O questionamento de outrora que relatei em meu livro vem novamente à tona: “O que nutro em meu coração é fé ou medo de morrer?”, apesar da resposta ser evidente. Por isso preciso trilhar o mesmo processo a fim de obter a mesma descoberta nele relatada. Exercício árduo.

A escassez em minha respiração tem, além de aumentado, me deixado cada vez mais fraco. Uma simples caminhada de poucos metros, e em um ritmo bastante tranquilo e lento, causa em mim um ofegar preocupante, além de uma taquicardia assustadora. Dormir está cada vez mais difícil. A chamada “apneia do sono” não me deixa ter um sono revigorante. São vários períodos curtos de sonos rasos e que, por isso, não permitem o descanso que tanto preciso.

Fôlego. Sua escassez me faz lembrar do prognóstico médico de fazer uso de um balão de oxigênio, o que nunca fiz até a presente data. Também me fez meditar sobre sua importância. Fôlego não é “meramente” importante, é vital. O ser humano se tornou vivente após receber o fôlego de vida (nishmat chayin, no hebraico) de Deus sobre suas narinas (Gênesis 2:7). Este mesmo fôlego inicial foi o que ressuscitou Jesus dos mortos. E é ele, personificado no Espírito Santo, que passa a habitar em nós quando nos submetemos ao Seu Senhorio e à Sua salvação (Romanos 8:11). A expressão Espírito que aparece em Romanos 8:11 no original grego é pneuma, por isso pode ser traduzida como fôlego. Ou seja, o Espírito de Deus é também o fôlego de vida de Deus em nós. Tanto no hebraico (ruach) quanto no grego (pneuma) uma única expressão é traduzida para o português como espírito e fôlego.


Apesar de minha respiração precária, o Espírito (Fôlego) de Deus habita em mim, pairando sobre minha vida assim como pairava, no início, sobre a face do abismo (Gênesis 1:2). A expressão Espírito de Deus que aparece no referido texto é a tradução da expressão original Ruach Elohim. Sendo assim, não há motivo para que eu tema. Preciso apenas me atentar, devida e satisfatoriamente, para este fato. Pois meu escasso fôlego tem o poder de tomar minha atenção e também minha emoção. A fé desfalece. A nuvem negra do medo se avoluma. Mas se dissipa na medida em que me atento para o fato citado acima. O Ruach Elohim está sobre mim. Ele tem garantido o meu viver. Ele é o meu “balão de oxigênio”.

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