quinta-feira, 26 de julho de 2012

No limite da fé


Cerca de 70.000 cristãos estão presos em campos de concentração na Coreia do Norte. Pessoas que compreenderam que o verdadeiro e absoluto milagre é a restauração do relacionamento do homem caído com Deus e da plenitude da salvação que dele emana. É este milagre que pavimenta a afirmação do apóstolo Paulo: “Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro”.

Matheus Viana

Mais de 70.000 pessoas. Quantidade exorbitante! Mas ela não se refere à membresia de uma denominação evangélica, tampouco à aglomeração de um evento da categoria. Este é o número, segundo informações da International Christian Concern, de cristãos presos em campos de concentração na Coreia do Norte.

Segundo informações do site de notícias americano WND, reproduzidas pelo site de notícias português UCB, a Comunidade Internacional esperava que a sucessão de Kim Jong-Il - morto em dezembro de 2011 - por seu filho Kim Jong-Un mudasse o quadro de severa repressão política e religiosa bem como as restrições a alguns artifícios ocidentais, considerados do “mundo capitalista”, exercidas pelo Estado comunista.

De acordo com o analista da International Christian Concern, Ryan Morgan, o atual governo promoveu alguns avanços no plano econômico, como por exemplo, a permissão para a comercialização de celulares e de alimentos como batatas-fritas e pizzas. Mas em relação às liberdades políticas e religiosas nada mudou.

Morgan cita a afirmação de um recente relatório da Comissão da Liberdade Religiosa Internacional de que o governo norte-coreano lida com a fé cristã como “ameaça potencial à segurança do país”. Este é o principal motivo que o leva, segundo o relatório, a oferecer recompensas para quem denuncia pessoas que possuam ou estejam envolvidas com a distribuição de Bíblias ou qualquer outro tipo de literatura cristã. Crime que pode ter como pena a prisão perpétua ou a morte.

Representante da Portas Abertas, instituição que fornece apoio para cristãos perseguidos em todo o mundo, informa que “... pelo menos 25% dos cristãos estão definhando em campos de trabalho forçados porque se recusaram a adorar o fundador da Coreia do Norte, Kim II-Sung [avô do atual líder]. Qualquer forma de adoração a outra pessoa além do ‘Grande Líder’ (Kim II-Sung) e do “líder supremo” (Kim Jong-Il) é visto como traição. Cristãos norte-coreanos são frequentemente presos, torturados ou até mortos por sua fé em Jesus Cristo. Metade da população vive no norte, perto da China, onde existe a maior rede de igrejas subterrâneas. Em todo o país, cerca de dez milhões de habitantes estão desnutridos, com milhares de pessoas sobrevivendo apenas comendo grama e cascas de árvore”.

No limite da fé. Realidade completamente destoante com a vivida no mundo ocidental. Devido à liberdade política e religiosa que desfrutamos, o Evangelho propagado em nosso “admirável novo mundo” resume-se ao ufanismo do milagre ou ao triunfalismo da teologia da prosperidade. Resumindo, a prática de uma fé que não requer dificuldades, lutas e riscos. Elementos considerados anátemas.

No entanto, a fé exercida pelos cristãos na Coreia do Norte, na China e em outros países de Estados comunistas ou islâmicos é exatamente a descrita no capítulo 11 da carta aos hebreus. Pessoas que compreenderam que o verdadeiro e absoluto milagre é a restauração do relacionamento do homem caído com Deus e da plenitude da salvação que dele emana. É este milagre, que também podemos chamar de prosperidade, que pavimenta a afirmação do apóstolo Paulo: “Para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro”. (Filipenses 1:21).


Afirmação contraditória, você não acha? Jesus veio para nos dar vida, e vida em abundância (Evangelho segundo João 10:10). Este argumento bíblico é verdadeiro. Porém, interpretado de modo equivocado. Não é o mosaico de "bênçãos", como por exemplo, a cura física, a ascensão sócio-econômica, entre outros, ainda que aconteçam na vida de um indivíduo, a essência da vida abundante que a fé em Cristo nos proporciona. Os Cristãos norte-coreanos são exemplos vivos deste fato.

Nenhum comentário:

Postar um comentário