quarta-feira, 25 de julho de 2012

Gravidade


Quando recebemos a Jesus, um processo de restauração se inicia. Mas a ‘gravidade’ quer, a todo custo, impedi-lo. Por isso, lutar contra ela, com uma postura plenamente cristã, é determinante.

Matheus Viana

“A gravidade está me puxando, mas o céu está me chamando”. Martin Smith, ex-vocalista do 'Delirious?'.

Este refrão da canção Gravity, do extinto grupo musical britânico ‘Delirious?’ (Álbum - Mezzamorphis, 1999), retrata de forma precisa o drama humano. Na medida em que nossa mente é renovada, de modo a vivermos a boa, perfeita e agradável vontade de Deus (Romanos 12:2), ele se intensifica.

Mas em que este drama consiste? No conflito entre as vontades de Deus e a humana, a qual o apóstolo Paulo nomeia de ‘obras da carne’. Conforme preconiza o apóstolo Tiago, “cada um é tentado por sua própria cobiça”. (Tiago 1:14). Tentado a quê? A pecar. Ou seja, errar o alvo proposto por Deus ao ser humano desde a eternidade.

Tiago continua o trecho de sua carta dizendo que o pecado, uma vez concebido, gera a morte (thanatos) que se refere ao distanciamento do homem para com Deus. É neste mote que o apóstolo Paulo preconiza que estávamos mortos em nossos delitos e pecados (Efésios 2:1). Gravidade. O mundo está dominado por ela. Não apenas no campo da física, mas também no da razão. Falaremos sobre isto em outra oportunidade.

Em meu corpo, acometido por uma severa deformidade óssea, opera uma espécie de gravidade. O processo de deformação não cessou. Por isso, me posiciono – com minhas posturas corporais - contra a gravidade que tenta deformar ainda mais o meu corpo. Neste embate, a dor que sinto em alguns momentos beira o insuportável. O absurdo desconforto é inevitável.

Mas confesso que há situações em que, como forma de aplacar a dor, acabo sucumbindo à deformação de modo a me conformar com ela. A gravidade vence. No entanto, quando me lembro dos malefícios que ela comete em meu corpo, me disponho a sentir dor e me posicionar contrário a ela.

A ‘gravidade’ chamada pecado, oriunda da vontade humana que preteriu a vontade de Deus, deformou o ser humano fazendo-o perder a imagem do Criador com a qual fora formado. Quando recebemos a Jesus e, consequentemente, o Espírito Santo (Evangelho segundo João 1:12), um processo de restauração se inicia. Mas a ‘gravidade’ quer, a todo custo, impedi-lo. Por isso, lutar contra ela, com uma postura plenamente cristã, é determinante.

Se submeter à vontade de Deus causa dor em nossa carne. Negar este fato é negar o Cristianismo. Não é a toa que o próprio Jesus declarou: “Aquele que quiser me seguir, negue-se a si mesmo, tome cada um a sua cruz e siga-me”. (Evangelho segundo Mateus 16:24).

Cruz. Lugar de vitória. Mas também de dor, de sofrimento e de renúncia. Sem ela não podemos segui-Lo. Sim, Jesus realizou a obra magna e absoluta que nenhum ser humano foi ou será capaz de realizar. Seu sacrifício redentor é insubstituível. Somos justificados e salvos pela Graça (I João 4:10). Mas a Graça de Deus sobre nós tem um elemento crucial: cruz. E, conforme Jesus ordenou: “tome cada um a sua cruz”.

Esta ‘cruz’ nada mais é do que a plena submissão à vontade de Deus. A cruz que Jesus tomou sobre si, além de estar predestinada desde a eternidade (Apocalipse 13:8), foi produto da oração - e ação - de renúncia feita por Ele: “Pai, se possível, afaste de mim este cálice. Mas não seja conforme quero, mas como tu queres”. (Evangelho segundo Mateus 26:39).

Jesus, como homem, enfrentou de perto esta ‘gravidade’. Viveu o drama humano e não sucumbiu em nenhum momento (I Pedro 1:22, Hebreus 4:15). Por isso tem toda a autoridade de interceder por nós (Romanos 8:34, Hebreus 7:25). Embora a essência de Jesus fosse santa, por ser gerado pelo Espírito Santo, como homem estava suscetível à ‘gravidade’ da vontade humana de desejar e cometer pecados. A Bíblia é clara em dizer que Ele foi tentado em todas as coisas. Mas não deixou que a ‘gravidade’ exercesse poder sobre Sua vida. Sofreu toda a dor, e muito mais, que um ser humano pode sentir.


Se Jesus pôde vencer a ‘gravidade’, nós também, pela ação do Espírito Santo (Romanos 8:14), podemos. Em tudo somos mais do que vencedores  por meio daquele que nos amou (Romanos 8:37). Portanto, vencer a ‘gravidade’ é produto deste amor inexplicável.

Nenhum comentário:

Postar um comentário